terça-feira, 19 de outubro de 2010

EDUCAÇÃO PARA A LIBERDADE

Por Arlindo Montenegro

Minha irmã mais velha chegava da escola com a "Cartilha do povo", onde a mão espalmada, mostrava acima de cada dedo uma letra: a. e. i, o, u, - logo abaixo a frase: "Eva viu o ovo". Iamos almoçar e depois brincar. Mais tarde, voz de mãe, indicava, "hora de estudar... ensine a seu irmão o que você aprendeu hoje". Assim no exercício da cultura familiar valorizando a educação, aprendí brincando a ler e escrever.

Faz tempo! O valor atribuído à educação, o envolvimento, cobrança e empenho familiar naquele passado, comparado com os dias correntes é de arrepiar. O que me foi ensinado como grandes homens, exemplos a seguir, as escolas e textos de hoje apresentam como figuras caricatas. Já tivemos a notícia de cientistas respeitados internacionalmente. 

Aqueles homens de saber técnico e científico, os grandes educadores ladeando nomes de elevado saber, sumiram da paisagem. Os governantes constroem escolas e tiram retrato inaugurando. Mas faltam professores vocacionados, bem remunerados. Pior, falta a liberdade de transmitir o conhecimento que não seja determinado pelo governo, com o viés da ideologia marxista disfarçado em cada texto e em todas as práticas políticas educacionais.

Parece que o governo se empenha em manter a gente burra e desinformada. Os que se destacam acabam buscando um jeito de estudar no exterior, porque aqui, os recursos são limitados e poucas escolas fogem aos limites postos pelo estado. "A educação é muito importante para ficar nas mãos do governo", é o que diz Andres Oppenheimer, acaba de lançar um livro sobre educação na América Latina: "Basta de histórias" ainda não traduzido no Brasil.

Depois de ironizar como os presidentes de alguns países estão empenhados em desenterrar (Bolivar, Perón e outros) "seus presidentes, deveriam dedicar mais tempo para saber, por que os jovens de seus países ocupam os últimos lugares nos exames anuais internacionais de matemáticas, ciencia e linguagem; por que nenhuma universidade latino-americana aparece entre as 100 melhores do mundo..."

As Nações Unidas indicam que a Coréia do Sul registra 80.000 patentes por ano no mundo, enquanto todos os países do nosso continente, juntos, registram menos de 1.200. Na China, India, Singapura, Finlândia e Coréia do Sul, as crianças passam entre dez e doze horas diárias na escola, sem tantos feriados e com um reduzido período de férias escolares de 30 dias anuais.

Oppenheimer indica que "é hora de olhar menos para o passado e olhar um pouco mais para o futuro e que os presidentes contem menos lorotas e se dediquem mais a promover a melhoria de qualidade na educação, na ciência e na tecnologia". Está na hora da educação ser o centro da atenção prioritária em nossos países.

O livro "Basta de Histórias, destaca uma iniciativa brasileira que o governo adotou como obra sua: a iniciativa empresarial "Todos pela Educação" que possivelmente perde espaço com a associaçâo às políticas governamentais e seus curriculos dominados pela ideologia marxista. Continuamos com estatísticas pobres. O anafabetismo continua feroz. Metade dos jovens não chegar a completar o ensino médio. E agora as empresas são obrigadas a importar profissionais cuja formação no Brasil é falha, inconsistente.

Fundado em 2007, por iniciativa de empresários, acadêmicos e artistas, o fóco do programa estava em convencer a opinião pública da necessidade de acesso à melhor educação, forçando as políticas governamentais. Salvo algumas exceções pontuais, a política tem travado o programa.

O compromisso de iniciativa empresarial estabelecia a mobilização da União, Estados e Municípios, em estreita colaboração com as famílias e da população, com a adesão a 28 diretrizes, dentre as quais a alfabetização de todas as crianças até os oito anos de idade, combater a evasão, matricular as crianças na escola mais próxima da residência, ampliar o período diário de permanência na escola, plano de carreira para professores... aí a porca torceu o rabo!

O entrave burocrático, a ideologia que limita o magistério, a corrupção entre os políticos que não poupa nem a merenda escolar, os recursos de investimento cada ano mais reduzidos e desviados, parecem entravar a educação no Brasil. Até mesmo a formação doméstica, tão comum em outros países, está proibida entre nós. Os candidatos prometem... resta a mobilização da consciência pública para cobrar, exigir seriedade e respeito na formação substancial e legítima das crianças e jovens.

No papel e na intenção é uma coisa. Na prática as políticas oficiais limitam e impedem.





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