sexta-feira, 12 de novembro de 2010

URÂNIO NA AMÉRICA LATINA

Jason Poblete, 13 de Março de 2008

Quem faz o quê e para onde vai?
Na semana passada, recebi vários telefonemas de repórteres e colegas, reatando conversas anteriores sobre a proliferação nuclear e as preocupações relacionadas com o Hemisfério Ocidental. Na primeira vez que ouví falar desta questão, estava entre os céticos, que agora coçavam a cabeça, no que refere as Américas adormecidas. Fui alertado pelos relatórios das autoridades colombianas, dando conta que as Farc estavam procurando urânio para fazer bombas e tráfico de urânio é a última coisa que as pessoas pensam, que um grupo de terroristas na selva sul americana, deseja ou precisa.
Nunca subestime a direção da mira dos inimigos da liberdade, em especial no mundo pós 09/11/01.
Depois que autoridades dos Estados Unidos decifraram e autenticaram o material apreendido, deveriamos compreender mais sobre o uso e o interesse das Farc. Mais sobre o urânio na America Latina. E como o pessoal das Farc conseguiu juntar cerca de 50 quilos daquela coisa?
Saberemos o que eles fizeram? Deveriamos saber. Não é como se pudéssemos controlar cada área de mineração, mas para salvaguardar, garantir que tenhamos uma ideia geral sobre quem está fazendo o que e com quem. Fazendo um tour pela região, podemos apontar o interesse de vários países.
Em Maio de 2006, o Brasil abriu sua primeira fábrica de enriquecimento de urâio e supostamente está produzindo o mesmo tipo de combustível que o Irã precisa na sua busca de armas nucleares. Abençoado com vastas reservas de uránio, as autoridades brasileiras afirmam que o combustível é produzido para fins pacíficos e que será oferecido para o abastecimento dos reatores nucleares civís da Argentina.
A Constituição brasileira proibe as armas nucleares e a exportação de uranio enriquecido e o país firmou vários tratados de não proliferação, palavras e ações que também informam um debate. As autoridades brasileiras afirmaram recentemente que a pesquisa de armas nucleares deve ser disponibilizada para os militares. E como o Equador e a Venezuela ilustram, as constituições da AL são facilmente alteradas nos dias de hoje.
Outro país quente e potencialmente interessado é a Venezuela de Hugo Chávez. Desde 2005, Chávez e seus militares tem tentado obter tecnologia nuclear da Argentina, Brasil e, logicamente, de seu fiel aliado, o Irã. Embora distante das reservas do Brasil, a Venezuela tem depósitos de urânio e consta que algumas minas estão em operação. As autoridades venezuelanas negaram a existência de reservas, ao mesmo tempo em que declaram que as escavações dos depósitos não se destinam ao enriquecimento. Felizmente a Venezuela não tem capacidade de enriquecimento de urânio. Não se vende nada, mas quais serão os planos futuros do Irã para desenvolver este mercado na Venezuela?
Alguns outros países da região com projetos de mineração de urânio, incluem a Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, Guyana, México, Paraguai, Perú e Uruguai.
Pode-se dizer que minerar urânio não é problema. O processamento de urânio de qualidade não é fácil nem barato. Mas por que as Farc traficam com urânio, quem é o fornecedor? Se eles exportam “nada”, quem é o usuário final?
E o Irã? Neste cenário o mais provável parceiro regional para enriquecimento de urânio é a Venezuela. Há cerca de dois anos circularam rumores de que algo estava errado nesta relação, incluindo a questão do urânio, mas nada de concreto apareceu. Por enquanto o que sabemos é que a Venezuela comprou urânio das Farc, no valor de US$ 300 milhões. Sabemos também que os serviços de inteligência cubanos estão presentes no apôio às Farc. Se as Farc vão fazer uma bomba suja ou dispositivo semelhante, isto é feito com apoio do Estado patrocinador do terrorismo e aliado de Cuba, a Venezuela.
Comecei dizendo: nunca subestime a direção da mira dos inimigos da liberdade, em especial no mundo pós 09/11/01. Isto inclui os líderes de países das Américas, em cruzadas quixotescas como o apoio a grupos terroristas, que buscam derrubar o governo de um forte aliado dos EUA na Colômbia. Isto pode não representar uma ameaça direta aos Estados Unidos, mas a detonação de um artefato nuclear no hemisfério ocidental, terá consequências devastadoras, além da ameaça imediata à vida humana.
Precisamos saber com certeza razoável quem vendeu urânio para as Farc e trabalhar para que no futuro os países controlem a venda destes itens. É em casos como estes que se surge a importância de programas como o (PSI) Iniciativa de Segurança contra a Proliferação e o (CSI) Iniciativa de Segurança de Depósitos e a urgência de de ampliar a cooperação neste âmbito. Os EUA não podem esperar pela condução e controle do poder regional da OEA. Terão que liderar este esforço. Os recentes acontecimentos na região, reforçam esta necessidade.
Tradução: A.Montenegro

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