Por Arlindo Montenegro
Quando aprendí que o cérebro humano continha 100 bilhões de células nervosas, que precisavam de alimento específico, já era tarde demais. Havia partes atrofiadas pela ausência dos nutrientes e a demência de algumas áreas era irreversível, debilitando a capacidade de agir como animal predador. Inda vivo graças ao leite materno, porque depois de desmamado a papa de mandioca com leite de vaca foi insuficiente para o desenvolvimento sadio da estrutura.
A coisa ficou assim como um alicerce construído sobre o mingau. Talvez, por isto mesmo tenha patinado, escorregando seguidamente, sem alcançar os melhores desempenhos, que fazem de um animal o líder do seu grupo, sem dó, nem piedade, fraquezas limitantes que carecem de crenças, pudor, respeito, ética, dúvidas. Coisa dos "fracos": a medida de cada ato para as respostas menos dolorosas.
Talvez, quem sabe, pode ser que... se naquela escola, as professoras, nos primeiros meses de aulas, tivessem ensinado o que é e como funciona o cérebro, dos cuidados com a alimentação, comer muita castanha e tomar chá de ginko biloba... se utilizassem muitos jogos associativos, para ensinar matemática e respiração, fundamental para transporte do sangue oxigenado que ativa o cérebro... se ensinassem, logo de cara, a dar ordens e interagir com o cérebro – pode ser, quem sabe, que talvez...
Fico agora assim, pensando que cada geração aprende sua cota de falta de educação nas escolas, onde a qualidade do ensino é eficientemente deficiente e castradora. Taí o tal de buylling que não me deixa mentir. Os mais bem nutridos e até alguns professores em sua altivez, bulindo com a estrutura emocional dos menos agressivos, salientes e enxeridos, fortalece a seara dos medrosos, que acabam como cabos eleitorais.
Atualmente, andam dizendo por aí, que o ambiente da educação e cultura em nosso país é sombrio, horripilante, cavernoso. Com o monte de novas tecnologias, com o que se sabe do funcionamento do cérebro, com as técnicas já desenvolvidas para aprendizagem acelerada, estamos que nem caranguejo: andando pra trás! É a realidade da multiplicação programada da burrice.
Da seara educacional, a estupidez é transmitida para todos os campos, coroando o edifício com a malandragem, que leva uns poucos aos postos de poder e enganação, os postos onde é lícito tudo quanto impeça o avanço educacional, tudo quanto impeça a luz do saber, a inteligência da vida, a compreensão dos fatos, a iniciativa de ser dono do proprio nariz, sem esperar por promessas de vagabundos ilusionistas.
Porisso e portanto, crianças e jovens chegam às escolas para ouvir (com poucas e brilhantes exceções) um bla-bla-bla enfadonho, tomar notas apressadas, ler livros – sem antes ter aprendido interpretação, figuras de linguagem, associação histórica, interdisciplinar, auditiva, visual, emocional – sem dominar, sem conhecer as capacidades do proprio cérebro, sem treinamento para a concentração, relaxamento e exercício dos estados mentais apropriados para a aprendizagem.
É querer muito! E tudo indica que estamos sendo encaminhados para querer pouco. Ou querer nada. Deixar o querer para os governantes, apenas obedecer, cumprir as ordens que chegam de cima. Isto é negar a civilização e a evolução possível, disponível para poucos. A ciência, o conhecimento, o saber utilizado para dificultar, impedir, melar a arrumação dos arquivos mentais, para esconder dos homens as possibilidades infinitas da propria natureza, totalidade universal.
Vai lá esse menino! Faz um esforço e consegue o diploma. O mais difícil é o TCC, mas aí é so juntar uma graninha, que tem muito professor que já montou firmas especializadas em elaborar "Trabalhos de Conclusão de Curso". Até no nível de doutorado. Depois é só enfeitar a história e jogar na Plataforma Lattes, para ter credibilidade. A vida, a prática, a esperteza, a disponibilidade, a boa vontade, o esforço individual, a sociabilidade, o nome de família, vão abrir os caminhos para a verdadeira aprendizagem.
Uma escola destinada à aprendizagem eficiente deveria seguir um currículo vivencial. Somente acessando todos os sentidos se fixa emocionalmente e prazeirosamente o aprendizado. Somente tocando, vendo, cheirando, ouvindo, sentindo o sabor da aula e sua aplicação à vida. E tudo isto já está disponível em centros de estudo mais avançados para a aprendizagem acelerada.
O pressuposto é o conhecimento do cérebro. E professores capacitados para ativar todos os sentidos dos alunos, em cada atividade. São poucos. Raros! Não interessam ao estado, não interessa aos homúnculos (ou mulherúnculas) que comandam o espetáculo jogando abacaxís, bananas, cartões de crédito e celulares para a platéia.
Somente a família bem estruturada, poderia responsabilizar-se pela educação contrária à desmiolagem promovida pelo estado. Será? Antes ou depois da novela? Socorro, meu Deus!
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