sexta-feira, 29 de agosto de 2014

NACIONALISMO ESQUECIDO

O sentimento nacionalista, me foi apresentado formalmente como um valor naquele Grupo Escolar Presidente Vargas, diante da Bandeira Nacional, símbolo da Pátria. Para o ignorantinho curioso que fui e ainda sou, o nacionalismo era visceral. A identidade de um território onde todos, respeitando uns aos outros, trabalhavam e desenvolviam hábitos culturais e valores morais que me acompanham até hoje.

Vou ver se me explico melhor: meu avô formou a Fazenda Brasil um pedaço de terra rica, chão bom de plantar, onde se chegava em carro de boi ou a cavalo. A pé também, numa caminhada de légua e meia da cidade, coisa prá fazer sem cansar. A capital já ficava mais longe. Era preciso pegar o trem de manhã bem cedo e viajar umas três horas.Desde a infância convivi com o senso da ordem e colaboração nos ambientes, lar, município, estado e nação. Minha pátria.

Para construir a casa com as próprias mãos, vovô precisou de ajuda. Vieram da cidade e da vizinhança os artesãos e índios. Alguns ocuparam um pedaço de terra pra construir sua casa com um cercado de duas tarefas para a roça familiar, criação de galinhas e o uso que quisessem.  Casados uns, outros solteiros ficaram por ali, onde nasci e cresci.

Hoje olho na porta do quarto do meu filho adolescente a plaquinha: "Paulo lives here, this is his room. Keep out" (Paulo mora aqui, este é o quarto dele. Mantenha distância). Fico pensando: por quanto tempo? Quando éramos uma nação soberana acreditávamos nas garantias de privacidade, responsabilidade, liberdade, papel do Estado modelando  políticas para o bem comum. Éramos brasileiros iguais como nativos diante de uma Lei que se aperfeiçoava no tempo.

Cada um tinha o direito de defender seu território, casa, lar, bens juntados durante anos com o trabalho. Se um malfeitor tentasse invadir havia o direito de defesa, do mesmo modo que a gente, se juntaria para defender a nação e o território de um exército invasor. Inda bem que, fora as escaramuças mal contadas da formação territorial mesmo com interferências da Inglaterra, não tivemos guerras como as que sempre existiram fora daqui, nem mesmo um Bolívar que expulsou os espanhóis do resto do continente sul americano.

Vovô casou com uma índia.Os filhos dele e os dos colonos nasceram e foram batizados ali mesmo na fazenda. Um carro de bois gemia por oito quilômetros para trazer o padre, os coroinhas e o sacristão para a festa de 3 dias, comemorando a fundação, a safra, os casamentos e batizados. Nasci e fui educado entre pessoas que se tratavam por compadre e  estudei com os filhos do sapateiro, do vaqueiro, do mestre carpina e outros colonos.

Getulio era o presidente e nos orgulhávamos da grandeza da nossa nação miscigenada. Pretos, brancos, morenos, branquelos, sararás, caboclos, todos igualmente nacionais brasileiros. O petróleo jorrou na Bahia prá desconsolo do consultor norte americano, especialista, que depois de fuçar no recôncavo, declarou: "No oil!" (Não há petróleo.) Ai começou a industrialização e putaria do governo que passou a tratar melhor os estrangeiros que os nacionais. Mesmo depois de Getulio mandar a gente morrer na Itália defendendo a democracia.

Até fico pensando se aquela sociedade de economia rural, não era na prática um socialismo nacional, prático, fundado no respeito humano e na consciência de que todos dependiam de cada um e os governantes, para governar bem, dependiam do trabalho braçal, intelectual e acadêmico, como dependiam de uma prática de valores morais bem fundamentados, desde o berço, desde a escola, desde as igrejas de crenças diversas.

Fui saber de racismo, sem compreender as teorias e estudos genéticos, do que contaram sobre a II guerra mundial, sobre o nacional socialismo marxista, o nacional socialismo da Alemanha, da Itália e do Japão, que ficaram conhecidos como comunismo, nazismo, fascismo. Atualmente isto tudo ficou superado e a gente não aprende mais a defender o nacionalismo  no Brasil. Agora so falam da exploração de uma raça de pessoas que pensam poder dominar nossos pensamentos, palavras e ações, espalhando o medo, a insegurança nas ruas e lares, a ignorância nas escolas, o descaso nos hospitais... e crédito para amarrar a gente ingênua aos bancos.

Melhor abandonar este barco de idéias estranhas e voltar ao velho socialismo nacional daquele Brasil perdido no passado rural. Agora com a vantagem de tecnologias e conhecimento científico. Mas em vez de pensar Brasil e melhorar, parece que a gente passou por um banho de lama de porco barrão, daqueles vermelhos. O ambiente fede a sangue crack cachaça e pólvora. Os governantes, os acadêmicos, até os índios parecem emprenhados pelos ouvidos com as cantadas dos ongueiros cheios de libras esterlinas, dólares, euros e tretas globalizantes.

Acabaram com a Nação. Só falam da nova ordem mundial. Para mim é desordem mundial. Inda bem que o Paulo acha que o quarto é "a nação" dele. Como a Funai está expulsando os fazendeiros e os índios armados estão ocupando fazendas e ouvindo discursos em espanhol da Colômbia ou de Cuba, duvido muito que a coisa fique no deixa estar pra ver como vai ficar. Quando a gente chega ao fundo do poço só resta sair.

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