“BARRIGA CHEIA, PENSA MELHOR”
A inteligência que mobiliza as instituições, que mobiliza as transformações sociais; a inteligência que redige as Leis, que determina quanto cada um deve fazer e pagar para sobreviver, está nas metrópoles, nas grandes cidades, usufruindo o status de comodismo diferenciado, segundo o esforço da maioria e a dissimulação das minorias políticas, semelhantes ao gordo gato Garfield.
Os habitantes da cidade antiga plantavam e colhiam, amassavam o pão e processavam o vinho, havendo pouca diferença entre os pastores de cabras e os filósofos. Hoje é diferente. Há muita gente pra pouco espaço nas metrópoles. Empurraram, expulsaram gradativamente as populações do campo para as pobres e insalubres periferias urbanas. Reservas de mão de obra barata, sem qualificação, para as indústrias e para a construção civil.
As cidades são fascinantes! Luzes e facilidades! Saber e artes!Há tanto que fazer e tão pouco tempo para viver. As facilidades estão no fast food e nos enlatados disponíveis nas prateleiras dos supermercados. Tudo industrializado sempre com conservantes e aditivos, que nem a gordura vegetal hidrogenada, entupindo de colesterol e plantando úlceras, cânceres e outras ziquiziras.
Tem criança que nunca subiu numa árvore para colher um fruto maduro sem ser contaminado por agrotóxicos. O leite vem na caixinha, o suco vem na caixinha como o arroz e o feijão e os biscoitos. E tem muito “matuto” que ainda ri e se espanta diante da tv, janela por onde apreciam os hábitos e comportamentos “muito doidos”.
As cidades decidem tudo e os poderosos governantes, administradores, professores, jornalistas e outros intelectuais nem lembram a dependência das mãos dos que, com enxadas ou maquinário agrícola moderno, planta e colhe o pão de cada dia. Nem lembram dos caminhoneiros. Nem sabem o que faz um “chapa”.
Os que tocam boiadas ou alimentam aves e porcos são ilustres desconhecidos dos modernos citadinos e nem merecem a lembrança antes de cada refeição, um pensamento agradecido a quem enfrenta chuva, lama, sol e poeira, estradas esburacadas, mãos grosseiras e camisas suadas pra alimentar milhões.
Nos dias 29 e 30 de Abril, na distante Londres, no palácio Clarence House, o dono da casa, Charles, recebeu Ana Júlia Carepa, do Pará; Waldez Góes, do Amapá; José de Anchieta Júnior, de Roraima e os senadores Tião Viana, petista e Arthur Virgílio, tucano.
E mais, alguns executivos de multinacionais como Rio Tinto, Shell, banqueiros do Deutsche Bank, Goldmann Sachs, Morgan Stanley. A turma do MacDonald's estava entre os onguistas da WWF, Greenpeace, Friends of the Earth e líderes aborígenes como Almir Suruí, da COIAB, que há muito troca figurinhas e visitas com os índios da Colômbia Britânica do Canadá. Tudo gente fina!
Nos dois dias aquelas pessoas muito importantes, receberam as diretrizes para o Meio Ambiente, Agricultura, Infra-Estrutura; Finanças e Saúde e Educação, nas futuras áreas de preservação ambiental e reservas indígenas, futuras nações que estão prestes a ser desmembradas do território brasileiro.
Nem os cafeicultores de São Paulo, Minas e Paraná que protestavam em Varginha, nem os vinicultores tradicionais do sul, nem os frutivinicultores do vale do São Francisco foram convidados a Londres. Nenhum representante do dos criadores de vaca ou de bode, nem arrozeiros, nem produtores de feijão, milho e soja, foram convidados. Nenhum deles sabe o que se decidiu em Londres.
Mas o douto Lula da Silva sabe! Recebeu o príncipe e daqui há alguns dias vai ser recebido pela mãe do dito cujo, a Rainha, lá na Inglaterra. Eles já pensaram o que é melhor para o mundo! No caso do Brasil, prometem uma carrada de grana. O príncipe falou de cara em “desembolsar cerca de 10 bilhões de libras esterlinas (mais de 50 bilhões de Reais)”.
Tudo para desligar a Amazônia do território brasileiro, do jeitinho como a coroa da Inglaterra quer e vem costurando há dezenas de anos. Os políticos presentes já queriam envolver os donos do mundo em planos e projetos produtivos. Queriam saber como a grana chegaria, como seria distribuída.
Mas os gringos torceram o nariz. Em Julho a governadora do Pará, Ana Julia, vai recepcionar o Príncipe, que chegará liderando uma grande comitiva. Ali serão determinadas as ações para consolidar os planos de dominação britânica sobre a área, uma das mais ricas do planeta. A Raposa já estará sacramentada. Os biomas do pantanal, do serrado e das caatingas já estarão sacramentados.
A título de preservação ambiental, o Brasil terá seu território encolhido. Os políticos, os juristas, os governantes solícitos estarão com seu caviar e uísque garantidos. Os agricultores, os parias das periferias, continuarão esperançosos nas promessas dos que fingem honrar compromissos e servir ao bem comum.
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