terça-feira, 5 de maio de 2009

MUTANTES E PERMANENTES

Por Arlindo Montenegro

Leis da natureza que pareciam imutáveis, como o ciclo das quatro estações, estão mudando. Isto era previsível, mas os senhores com poder de decisão ignoraram. As conseqüências dos desastres afetam os “menos favorecidos” do agreste, dos cafundós, das periferias urbanas. Falta chuva ali, chove demais acolá, desaba morro, a terra treme.

As megalópoles cujo planejamento o poder público ignorou, incharam desordenadamente, sem controle. Desastres com resíduos atômicos, insalubridade, baratas, ratos e nas lavouras agrotóxicos importados dos EUA, que não utilizam nem a metade do que aqui é jogado na terra e nas folhas, para ser servido em nossas mesas.

A propriedade que era estável e produtiva, agora é impermanente e passível de “expropriação”. Os agricultores da Raposa, do Mato Grosso e de Minas que o digam. Passaram da condição de cidadãos honestos e respeitados a perseguidos que nem bandidos.

As opiniões, costumes e crenças diferenciadas, algumas antagônicas, caracterizam este mundo complexo onde cada um é obrigado caçar a provisão, o sustento e a segurança da cada dia por conta própria: habilidades e capacidades que necessitam ser recicladas, emprego escasseando, impostos e taxas crescentes, condomínios, guardas, câmeras, manutenção de rodovias (pedágios), planos de saúde e tantos outros entraves, previsíveis, mas desprezados pelos governantes, embora pagos por antecipação.

Tudo em mudança acelerada, enquanto os cientistas e os economistas continuam com seus discursos experimentais, buscando por vias incompreensíveis, com vocabulário que só eles entendem, convencer-nos de suas profecias, quase sempre atropeladas por fatores naturais que eles ignoram.

Compreender e administrar o planeta, entender a natureza e liderar os humanos é atribuição para aqueles comprovadamente sábios, honestos, persistentes na busca do bem comum. Para os humanos exemplares. Poucos se dispõem a nadar contra a correnteza!

Mas em qualquer direção que se aprofunde uma investigação objetiva é fácil comprovar leis impositivas, racismo disfarçado ou explícito, teorias e estudos ultrapassados. Crenças, valores e costumes, que historicamente eram pilares do melhor das ciências, das artes, do saber espalhado pelas civilizações são desprezados e ridicularizados pela cruzada servil de estados totalitários.

Velhas lideranças inconseqüentes trabalham pela dissolução de fronteiras. O mesmo que deixar as portas abertas aos malfeitores. Os exércitos que garantiam o orgulho pátrio, o trabalho em segurança e a soberania sobre o território, são desfigurados para atuar como legiões estrangeiras a serviço de uma suposta autoridade mundial, com pretensão de governo intergaláctico.
O que era certo e seguro como os movimentos naturais é percebido agora como ambiente imprevisível. Como nos contos das mil e uma noites, a propaganda oficial assume o papel de Sherazade, prometendo para o dia seguinte uma nova probabilidade dependente de forças desconhecidas e distanciadas da realidade de cada cidadão.
E para manter a ilusão de cada dia, a propagandista Sherazade faz das tripas coração para escamotear da realidade, os escândalos e desvios de conduta daqueles que deveriam, na gerência dos negócios comuns à nação, ser dignos de confiança, respeito e admiração exemplar. O arsenal de promessas, suspense e mensagens subliminares é inesgotável!

Tudo quanto pesa para nortear o modo de pensar, sentir, agir, parece mudar de modo alheio à vontade de cada pessoa. Algumas são mudanças visíveis, perceptíveis e outras invisíveis. Todas atingem o âmago, a essência. Todas são agressivas. Intimidam no vocabulário, na agressão e culto ao próprio corpo, nas manifestações culturais, no tribalismo egoístico.

O universo exige uma retificação para o equilíbrio. Isto depende de organização e vontade, criatividade e sacrifício. O mapa deve ser aberto para o conhecimento de todos, pois todos somos responsáveis pela manutenção da vida.

A ecologia interior impõe-se como antecedente da ecologia ambiental. Aí é que a porca torce o rabo! O prato que nutre o nosso espírito é servido como comida de cadeia: um marmitex pronto e acabado que temos de engolir, sem escolha, sem uma oração de agradecimento. É necessária muita força interior, muito alimento para o espírito, muita reflexão, paciência, humildade.

“Caretice”? Ou verdades recolhidas? Dever inalienável ou direito de não pensar? Pode mudar tudo, exceto a essência espiritual, guardiã da esperança que nada contra a correnteza.

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