sexta-feira, 11 de março de 2011

OS ESTUDANTES DO ESTADO

Por Arlindo Montenegro

Enquanto o Secretário de Educação Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, alardeia que a educação no Brasil está melhorando, The Times Higher Education, que avalia as universidades do mundo, diz que entre os BRICs, somos o único país que não tem nenhuma universidade entre as duzentas melhores. Esta é a avaliação de acadêmicos do mundo inteiro.

A quase totalidade da lista é preenchida por centros de ensino superior dos EUA e Europa. Ainda figuram algumas universidades da Coréia, China, Taiwan, Egito e Austrália. Os avaliadores medem a qualidade dos centros de ensino e pesquisa, utilizando critérios universais.

Embora o Brasil seja responsável pela produção mundial de 19% dos trabalhos de pesquisa em medicina tropical e 12% em parasitologia, nossa pesquisa é desenvolvida em tempo parcial e sub financiada, condição que dificulta qualquer pesquisa. Os outros entraves são "as estruturas de governo, pesado, burocrático e por vezes politizadas".

As Universidades de São Paulo e Campinas, estiveram perto de figurar entre as 200 melhores instituições de ensino superior. Embora sejam as mais ricas e seletivas, manifestam capacidade deficiente de gerir seus recursos e têm "poucas ligações com a comunidade científica internacional... São Universidades muito voltada para si mesmas".

Destaca-se ainda o baixo investimento público, a gerência tacanha e o ensino monolíngue, que dificulta os programas de intercâmbio internacional e "a falta de visão de longo prazo para o desenvolvimento do ensino superior". Embora tendo reduzido 15% no investimento por aluno, o país produz 500 mil novos formandos e cerca "de 10 mil novos pesquisadores, PnDs por ano.

Mas o mercado de trabalho se ressente e não absorve os novos profissionais, por sua baixa qualidade. No futuro, quem sabe? Quando é o futuro? Por enquanto, para o Ministério da Cultura, valem os números. E ficamos com as promessas e falação do secretário Luiz Claudio Costa:

"Ter universidades entre as melhores do mundo não é status, mas desenvolvimento social, econômico, ambiental..."O Brasil precisa ter mais cursos de língua inglesa e, com apoio da Capes e do CNPq [órgãos de fomento à pesquisa], aumentar o fluxo de acadêmicos e professores visitantes."

Neste cenário fica esquecido o brutal deficit público, a brutal diferença entre o salário mínimo de quinhentos e poucos Reais e os salários públicos máximos 50 ou 60 vezes maiores. Um deputado (mesmo semi analfabeto), ou sem curso superior, custa a merreca mensal de 166.512,09, por mês (segundo a Transparência Brasil e a mesma Camara de Deputados). Isto equivale a 70 salários de brasileiros acima de 2.400 Reais.

Parece que no momento, todos os países do mundo têm seus deficits públicos no buraco. Mas os países ricos são bem mais econômicos e racionais no trato dos recursos públicos e buscam a redução de funcionários. Isto é, enxugam suas máquinas públicas e os privilégios dos acomodados, muitos daqueles que no Brasil, nem precisam comparecer aos locais de trabalho.

Os estudantes de hoje serão os governantes e gerentes médios de amanhã. Era de esperar que agissem como começam a fazer os estudantes norte-americanos ou aqueles que tomam as ruas de países do Oriente Médio pensando que o fazem por liberdade, democracia ou a serviço da ética islâmica que esperam implantar no mundo.

Entre nós impera a passividade. A escola a serviço do estado vem reduzindo a capacidade de resistência da população, mesmo diante do déficit público, da saúde sucateada, da insegurança, da corrupção, os estudantes já não são capazes de indignar-se, para defender o patrimônio que pertence à nação e que é dia a dia roubado dos que trabalham e dos que não têm trabalho.

A engenharia social coletivista fomenta o desmanche, prestigiando a união íntima do estado com as grandes corporações. O estado dependente das corporações internacionais e principalmente da rede bancária unitária global, trabalhando contra a nação, contra a Pátria, contra a gente. Isto é contra a mesma vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário