Por Arlindo Montenegro
Caro amazônida Roberto Santiago,
seu comentário e pedido num artigo do Alerta Total, me deixou inchado que nem sapo boi, azucrinado por um monte de crianças malvadas. Um inchaço da estrutura de plausibilidade, falando assim: "Pô, o que faço tem utilidade para outro!". É assim. A gente só sabe quando alguém comenta. Esta ferramenta do blog falha no vir a ser isto: leu, comentou. Aí a coisa se transformaria em diálogo, informação complementar.
Agora, Roberto, o seu pedido deveria ser dirigido a um economista que nem o Benayon. Eu estou no rol dos que pagam contas à vista e contam os tostões para chegar ao fim de cada mês.Sou daqueles que se deslocam a pé, de ônibus, trem e outrora no lombo de um burro que empacava quando pressentia que uma jararaca estava alí adiante, esperando pra dar o bote.
Por princípio, por não confiar em banqueiros, que nem o burro pressentindo a jararaca, no fim de cada mês saco os tostões e guardo embaixo do colchão, temendo que o governo progressista, de repente, a instância dos poderosos, corte os zeros e os 1000 Réis passem a valer 1, somente um, que só compra duas caixas de fósforos ou dois paezinhos.
Vou arriscar o que penso, com base no que tenho ouvido e lido. Poupar é bom. É uma disciplina propria para quem sabe o que quer, tem objetivos, planos para a futura compra de uma casa, casar, viajar, adquirir um bem mais durável que os descartáveis de "1.99". As economias somadas, para uma meta ou objetivo pessoal, afirmam a maturidade de uma economia nacional.
Se esta economia é bem administrada e responsavelmente investida, toda a nação ganha e a iniciativa do poupador acaba sendo melhor premiada, porque, servindo de exemplo, atrai outros poupadores, que não os desesperados e desconfiados que estão convencidos que a vida vai acabar loguinho, investindo assim em todos os prazeres, hoje, agora. Prá que poupar? O crédito bancário supre os desejos imediatos.
O princípio de confiabilidade do poupador, está na certeza da boa administração dos governantes. Disto decorre também a confiança no futuro, a auto estima, a vontade de fazer, crescer, realizar os sonhos de vida, orgulhar-se por coexistir num ambiente social em que a certeza de continuidade está presente, apoiando a livre iniciativa das pessoas.
Poupança é ganho, isto é, a sobra dos gastos mensais obrigatórios. Se o governo capa 25% na boca do caixa e o cristão fica sujeito a oscilações nos preços da subsistência por conta da inflação, da chuva, do transporte, da mudança de embalagem, da gasolina, da conta de luz, água, telefone...O salário pode até variar anualmente, mas a sobrevida é diária, mensal, uma incógnita.
Daí a saída que os banqueiros inventaram: primeiro os empréstimos, depois os cheques especiais e por fim a popularização para a galerinha com os tais cartões de crédito. Que beleza meu Deus! Posso comprar a geladeira agora e pagar em 10 vezes, sem juros! Propaganda enganosa? Prove! Você não entende nada de economia.
E esta invenção maravilhosa poude ser utilizada pelas empresas, levando muitas para o buraco da inadimplência. Logo veio o tal de "nome sujo na praça" e aí o cristão ficou mais enrolado ainda, marcado que nem bandido. Trabalhe mais meu filho! Roube até, mas pague ao banco com juros, correção monetária, taxas de serviço ou então morra de fome, vá viver embaixo da ponte.
Pior é que a invenção veio lá do estrangeiro e o governo daqui adotou sem pensar nas consequências. Até no palácio usam cartões de crédito! E podem usar, que os trabalhadores produtivos desta nação pagam, mesmo sem saber (é tudo secreto!) Agora me diga, o que você pode fazer na hora que o governo decide e corta 3 zeros do valor da moeda corrente? Ou muda o nome sem revelar o lastro correspondente, melhor inexistente.
Me diga o que você pode fazer quando o governo diz assim: so pode comprar um carro, quem emprestar 30% do valor da transação ao governo, que vai devolver... nunca! Ou quando chega e diz assim: "Vou usar sua poupança e devolvo quando puder. Por enquanto você pode dizer adeusinho a ela e protelar seu objetivo.
O sistema financeiro, faz tempo, deixou de ser nacional, deixou de ser controlado pelas tais "autoridades" nacionais, que agora gastam quanto querem pendurando tudo no crédito do sistema financeiro internacional. Este sim decide quanto juro vai cobrar: seu sangue, sua alma até não sei quantas gerações futuras.
Assim caro amazônida Roberto, só Deus dá jeito. É preciso ficar de bem com Ele, falar com Ele, descobrir a presença dEle em cada um de nós e fazer um trato sério. Enquanto isto vai curtindo o tucupi com tacaca enquanto não desnacionalizam a mandioca, como já fizeram nas orópa e no Japão, patenteanto nomes que viraram marcas, que nós não podemos usar. Açaí, cupuassú, urucúm...
Ref. Comentário ao artigo "Encontro na Selva", publicado em www.alertatotal.net, em 28/03/11
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