quarta-feira, 20 de abril de 2011

"HAY GOBIERNO? SOY CONTRA!"

Por Arlindo Montenegro

Em Cuba, a mais velha “democracia comunista” deste hemisfério, os homens do poder estão realizando o “Sexto Congresso do Partido Comunista”. É como se o Congresso Nacional se reunisse a cada 8 anos e meio. Bem cômodo! Também, com o genial Fidel Castro decidindo tudinho, até quantas dúzias de ovos as galinhas tinham de expelir para cumprir as metas do plano de produção socialista, pra que ficar gastando o gogó?

Esta é a vantagem de ter um governante onipresente, onisapiente, bem amado, tão poderoso e bem guardado por um exército a seu serviço, facilitando as operações de tráfico de drogas, a criação de centenas de empresas pelo mundo afora, para o tráfico de armas, diamantes, marfim, dono de um banco na Inglaterra, frotas de navios... tudo para dinamizar o fim do capitalismo, custe o que custar e doa a quem doer.

Não deu certo. O esforço que ceifou tantas vidas na África, Ásia e nas Américas, resultou na miséria dos cubanos, fome, saúde aos cacos e isolamento do mundo, sem acesso aos mínimos confortos da civilização. A ilha paradisíaca, antes da revolução castrista, era um dos países mais prósperos da América Latina, não obstante ser um terreiro de putaria para americanos ricos.

Havana era visitada pelos milionários para jogar, pescar e bebericar “mojitos” nos cabarés famosos, que nem o “Tropicana”, ao ar livre. E para investir, produzir, num clima de liberdade que nem as ditaduras e governos corruptos conseguiram suprimir. Só um gênio como o coma’ndante e seus sequazes que nem o heróico são Guevara. Não deu certo.  E finalmente o coma’ndante entregou o cajado... ao irmão. Ditadura vitalícia!

Os blogueiros (nem todos) da ilha já sabem do resultado da ditadura, que em 52 anos transformou a pequena nação numa ilha de desesperados em busca de alimentação, água potável, luz elétrica, transportes, casa pra morar, até... papel higiênico. E pior, sem que ninguém pudesse trabalhar por iniciativa própria, porque o Partido era o único patrão e despediu 500 mil trabalhadores duma vez.

Mas agora, o Sexto Congresso vai resolver tudo. A família do ditador e seus chegados, que já possuem negócios e economias na Europa, na África e nas Américas, vai facilitar a vida dos investidores que vão correr para salvar a ilha, bem ao modo capitalista. Utilizando mão de obra barata que nem na China – modelo para a ressurreição da economia cubana – pagarão impostos ao governo e cada um terá seu sócio, um homem do Partido, um facilitador remunerado.

Muitos companheiros cubanos estão combinando como investir em Cuba. A família Castro, dona da empresa de turismo vai construir um Hotel no Brasil. Assim os heróicos combatentes da Sierra Maestra, vão finalmente salvar suas peles e o mundo ocidental  vai aprovar e aplaudir as reformas corajosas do Partido Comunista.

Eles, os cubanos revolucionários, como os que revolucionam a vida da gente comum na Venezuela, Equador, Bolívia, Argentina, Nicarágua... Brasil... fazem a lição de casa sob a proteção dos controladores da economia globalizada, empenhados em impedir a todo custo as liberdades e culturas nacionais, que afirmam a evolução natural. Repetindo a história, estão semeando futuras guerras e catástrofes.

Pensando bem, meninos, preparem-se para ocupar os melhores postos possíveis nesta hierarquia da devastação. Preparem-se para atuar como cínicos burocratas do partido único. Preparem-se para manter em segredo a consciência de que vale reforçar a busca do saber paralelo à informação oficial.

Vale questionar os altos custos da sobrevivência mantendo um ministério gigante, um estado perdulário, um congresso de mercadores, uma burocracia que inventa dificuldades para vender facilidades. Vale educar os filhos em casa para vaciná-los contra a doutrinação caolha, contra a televisão que dissemina os costumes depravados e o desrespeito ao semelhante.

Vale refletir que nosso planeta é um pontinho minúsculo perdido na organização do universo infinito e insondável. Vale raciocinar que melhor que morrer e matar ou ser agente de ideologias, é bem mais humano multiplicar a vida amorosamente, viver livre entre amigos, filhos, sobrinhos, netos, agradecendo ao Deus do seu coração pelo ar que respira, pelo alimento, pela saúde, pela possibilidade de plantar o bem que vai ser colhido no amanhã.

Particularmente, estou convencido que o anarquista espanhol estava com a razão: “Hay gobierno? Soy contra!”


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