Por Arlindo Montenegro
Todo santo dia, quando a massa ignara, depois da suadeira no eito, no trânsito, tentando salvar vida ou apagando incêndios, chega em casa, liga a tv. As mesmas caras de sempre nos mesmos cenários, estão lá, com enfado ou fúria, mostrando estupros, assassinatos, assaltos, helicópteros, imagens de perseguições no trânsito, presos que mataram pais, namoradas, apreensão de drogas e armas, delegados e policiais falando no dialeto que nada diz, "pra não prejudicar as investigações".
A mulher, aliviada pela presença do companheiro, serve a cervejinha, diz uma palavra carinhosa e vai apressar os filhos – ligeiro que seu pai quer tomar banho antes do jantar. Segue para os intermináveis afazeres domésticos e na hora da primeira novela está lavando os pratos e arrumando a cozinha. Os filhos menores foram brincar ou dormir. Os maiores saíram. O casal se reencontra, silente diante da tv, vidrado, vendo nudez, comportamentos exóticos, perversidades aos quilos.
Tudo na mais rotineira naturalidade. Um dia chega a notícia de que a filha adolescente "pegou barriga" ou o menino está fumando maconha... Que fazer, meu Deus?! A menina vai ficando barriguda, a mãe aliviando a barra e o pai de cara sempre amarrada. Nas novelas, os ídolos (substitutos dos deuses) falam de aborto e divórcio com naturalidade. As drogas, até um ex presidente defende que sejam comercializadas livremente. Drogas e baladas? Coisa de jovem!
Incomum é a responsabilidade da família desestruturada, incapaz de exercer a ética e a autoridade paterna, os limites e cuidados que previnem tragédias. Incomum é o elenco de deveres e a disciplina. Incomum é a gentileza e a permanente visão das consequências dos mínimos pensamentos, das palavras, das ações. Incomum é o ensino e exigência do cumprimento de deveres domésticos e atitudes medidas fora de casa.
A televisão substituiu a educação doméstica e apregoa a educação que o estado impõe, para as mudanças culturais profundas: sexo prematuro irresponsável, drogas e grosserias são direitos humanos para formar humanos cruéis, a serviço de ideologias e negação da liberdade espiritual, que o auto conhecimento e a auto estima, bem como a veneração ao Deus que toca o coração de cada um, assegura.
Na escola, na aprendizagem dos tratos sociais so se fala em "direitos", "gêneros", "liberdade sexual", "preservativos", "posições"... de acordo com os manuais do MEC que seguem a cartilha da ONU, coroando com os direitos dos filhos contra a "ditadura" dos pais, estes criminalizados e sujeitos às penas da lei. Muito natural, não é?
Mas viva! Temos alta cultura e muito esporte para a formação de crianças e adolescentes saudáveis. Temos uma musicalidade e uma alegria incomparável: axé, pagode, funk! E podemos viver com 545 Reais ao mês, cometendo a bravura generosa de recolher impostos para pagar a cada deputado 166.000 Reais mensais, a cada senador 169.000 Reais mensais e a cada vereador mais de 53.000 Reais ao mês. Ou seja, Um vereador vale por 100 trabalhadores, um deputado ou senador vale 300 e 310 trabalhadores! Para o resto, que o governo apelida de classe média, uns 3 salários mínimos em média... Brava gente!
Até ex-líderes sindicalistas que agitavam greves no passado, agora deputados, votaram no mínimo dos mínimos!
Sem uma elite cultural ativa e consciente mobilizando a nação contra a nova ordem mundial que aqui se instala, apoderando-se ditatorialmente dos três poderes, mais alguns anos e o salário mínimo vira bolsa família! Bolsa botijão de gaz, bolsa escola, bolsa cesta básica, com vantagens... Meu Deus! Lembrando Castro Alves: "mas que bandeira é esta que infamante na gávea (ou no Planalto) tripudia?..."
O Conselho Nacional de Justiça informa que foram construídos 888 presídios nos últimos 8 anos. E falta construir mais 396 para abrigar 198 000 pequenos vagabundos, que os grandes, a gente sabe, estão no governo, que nem os mensaleiros, a ex prefeita e o ex prefeito que deitavam e rolavam, como aquele que ferrou com a vida do caseiro. E nestes governos que prestigiam o crime organizado, preso ganha quase que o dobro do mínimo do trabalhador assalariado.
Sabe-se também que os nossos ilustres, intocáveis deputados escolheram para presidir a Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante do Congresso, um dos réus no processo dos mensaleiros, o Joâo Paulo, do PT de Osasco. Assim vai poder engavetar qualquer coisa contrária ao processo de implantação da ditadura nos moldes de um governo mundial, como querem as grandes empresas e banqueiros..
No mais, as Prefeituras deitam e rolam as prefeituras, seguindo o exemplo de Brasília. De vez em quando escapam notícias dos cafundós da Paraíba, onde a Secretaria da Educação estava pagando salários para 71 mortos e 62 desaparecidos. Inda bem que entre os que não batiam ponto, foram localizados 44 "funcionários" que vivem no exterior. Tem mais: 187 ja estavam aposentados, mas continuavam a receber salários como ativos. São os jeitinhos do interior.
"Quem ganha piso de R$ 545 por mês terá de trabalhar mais de meio século para alcançar o salário anual de um deputado ou senador. Por mês, cada congressista recebe o equivalente a quatro anos de salário mínimo." ( http://congressoemfoco.uol.com.br/)
No dia 15 de dezembro do ano passado, os parlamentares aprovaram a toque de caixa um aumento de 62% em seus salários. Para Dilma, Temer e seus ministros, o aumento superou os 100%." Apenas 4 congressistas votaram em contrário. Também, com a marcação cerrada: os líderes do governo mapearam os possíveis dissidentes. Quem não for governista não terá cargos políticos daqueles no governo e nas estatais.
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