O título acima é do editorial do dia 07/08/2010, publicado no ABC Color, o jornal mais importante do Paraguai, ocupando toda a primeira página. Tradução livre, abaixo:
“Nos dias correntes, as democracias latino americanas passam por uma dura prova, porque com os mesmos mecanismos das eleições livres e plurais, alguns líderes esquerdistas eleitos, são investidos e no dia seguinte começam a executar seus projetos, para acabar com o sistema político de que se valeram para subir ao poder.”
“Como intentam eternizar-se no poder e reinventar a democracia, entendida como rotação permanente de projetos políticos e de pessoas. Pretendem excluir para sempre todos os que não sejam filiados a seu partido. Constroem ditaduras com fórmulas “democráticas” e quando se sentem fortes e dispõem dos meios, iniciam a segunda parte do plano: a exportação de sua “revolução”.
“Internamente, a primeira vítima são as Forças Armadas, das quais são excluídos todos os militares que não mereçam a confiança integral do novo único líder. Uma purga geral, com a destituição dos chefes e oficiais institucionalistas, deixando as Forças armadas sob a responsabilidade dos “leais”.
“Depois a arremetida é contra o Poder Judiciário, que passa pelo mesmo processo de depuração. Com os principais recursos controlados, começa a fase de desmantelamento da imprensa não alinhada e a supressão progressiva da liberdade de expressão.”
“O resultado final deste processo é a anulação completa, senão a supressão definitiva de toda ideia, doutrina, orientação partidária ou movimento contrário à ideologia oficial da nova ditadura. Sucumbe a liberdade em todas as suas formas tradicionais e o que resta é um povo indefeso, submetido a suas novas cadeias.”
“Confia-se que o passar do tempo apagará da memória a democrcia anterior, o gozo dos benefícios da liberdade. Então o povo tonto, obrigado a trabalhar para sobreviver e para alimentar o Partido, reprimindo suas dúvidas, inquietudes e oposições, acabará convertido em dócil rebanho de carneiros, como bem recordam os paraguaios que vivemos na era de Strossener.”
“Este é o processo que vemos atualmente sendo executado na Venezuela, Bolívia e no Equador. Particularmente na primeira, onde Hugo Chávez, há dez anos no governo, se apressa para dar o golpe final, fazendo-se coroar governante vitalício, impondo ao país uma nefasta ditadura de corte marxista, no molde da que triunfou e se impôs na Russia em l917, desconhecendo o triste final que estes sangrentos regimes tiveram, depois de seis décadas de explorar e oprimir seu povos, assassinar adversários e colocar em grave risco a paz mundial.”
“Hugo Chávez, um dinossauro que surgiu das cavernas mais escuras da história, está quase se tornando o amo e senhor definitivo da sorte do povo venezuelano e dos imensos recursos econômicos do país, livrando-se de toda a competição real e suprimindo todo obstáculo que possa entrepor-se, entre ele e seu projeto vitalício. E ainda conta com o dinheiro necessário para comprar vontades e pagar o preço de “lealdades”, dentro e fora do seu país.”
“Chávez é um ditador, mas UM DITADOR MUITO RICO. Dispõe de poder absoluto para realizar qualquer capricho com o dinheiro produzido pelo petroleo. Não se submete a nenunhuma controladoria, nem presta contas a ninguém. Com seus petrodólares percorre a América Latina, financia partitos, movimentos, organizações sociais e campanhas eleitorais. O que não pode comprar, aluga ou neutraliza.”
“Comprou do Kirchner, os bonos do tesouro argentino que ninguém quer e assim pode exibir sorrisos cumplices, aplausos e abraços, passeando livremente pela Argentina e fazendo discursos inflamados, chamando à “revolução popular” com tiradas teatrais para exportar sua ditadura.”
“Ser admitido ao Mercosul é uma prioridade para agilizar seu intervencionismo na política interna dos paises membros, com os quais já não tem nenhuma afinidade, por que bem ou mal, na Argentina, Brasil, Paraguay e Uruguay, os princípios básicos do direito do regime democrático e as liberdades públicas, ainda estão presentes. Chávez vai pagar à vista e já tem o dinheiro e as patadas. Quer comprar sua legitimidade internacional pelo menor preço pago ao Brasil e Argentina, visando o que lhe vai proporcionar a entrada ao Mercosul”
“A pergunta que vamos continuar fazendo continuamente é: para que serve o Protocolo de Ushuaia, que pretende estabelecer o compromisso de todos os estados membros para conservar intactas as instituições democráticas? Naquele documento, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, declaram que “A plena vigência das instituições democráticas é essencial para o desenvolvimento dos processos de integração entre os Estados Partes do presente Protocolo” (Art. 1). Os países se comprometem formalmete a que “toda ruptura da ordem democrática em um dos Estados Partes deste Protocolo, dara lugar à aplicação dos procedimentos previstos nos seguintes artigos” (Art. 3).”
“Vão admitir a Venezuela, cujo ditador, por antecipação já se excluiu das cláusulas citadas? Ou vão admití-lo primeiro para depois aplicar a “Cláusula Democrática”? O absurto e o ridículo que rodeia esta intenção de prostituir o Mercosul, está em marcha e somente os parlamentares brasileiros e paraguaios tem em suas mãos a possibilidade de impedir esta vergonhoso deserção dos princípios fundamantais, declarados em nossas Constituições e tratados de integração.”
“Aos atuais governantes dos nossos países, que tanto falam de democracia e liberdades fundamentais, graças às quais subiram ao poder, estão com as pernas tremendo e os dentes arreganhados, diante da carteira de petrodólares de um rústico ditador inescrupuloso, disposto a tudo, incluindo o suborno de “democratas”.
“Se nossos presidentes do Mercosul, mesmo sabendo da obrigação histórica na defesa dos princípios e valores políticos que iluminam nossos povos, forem capazes de vender-se ou de ligar-se, numa relação adúltera com um ditador megalómano, surgido das catacumbas de um passado sinistro, teremos de convir que nossas democracias se vendem como autêncicas prostitutas. Não cabe uma qualificação mais dura para descrevê-las.”
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