Por Armando Valladares (ex-prisioneiro político em Cuba por 22 longos anos).
Quando se produziu a destituição do presidente hondurenho Zelaya, por ordem da Suprema Cortes deste país e com o respaldo majoritário do Congresso, Honduras caminhava a passos rápidos para uma ditadura chavista, passando por cima da Constituição e das leis.
Além do mais alto órgão judicial de Honduras, estavam advertindo sobre o risco chavista as mais importantes figuras políticas e religiosas do país. Não obstante, nem o presidente Obama; nem o secretário geral da OEA, o socialista Insulza; nem o "moderado" presidente do Brasil, Lula da Silva; e nem siquer, que nos conste, nenhum outro presidente latino-americano, disse uma palavra a respeito.
Alegava-se a auto-deetrminação, a necessidade de diálogo, o respeito aos processos políticos internos, etc. Todas estas personalidades políticas tiveram oportunidades de falar em favor da liberdade de Honduras, muito recentemente, porém preferiram lavar as mãos, como Pilatos.
A primeira delas foi na Cúpula das Américas, em Trinidad y Tobago, perto de Honduras, na qual o presidente Obama, com o seu estilo neokerenkista, se desmanchou em sorrisos com o presidente-ditador Hugo Chávez, flertou com o próprio Zelaya e com outros presidentes populista-indigenistas como o equatoriano Correa e o boliviano Morales, pretigiou o "moderado" Lula e anunciou que estava disposto a dialogar e a estabelecer um "novo começo" com a sanguinária ditadura castrista.
A segunda delas foi a Assembléia Geral da OEA, por uma ironia da história realizada na própria Honduras, na qual, com a aprovação do Governo de Obama, se absolveu a ditadura castrista e se abriram as portas para que Cuba pudesse retornar ao referido organismo internacional. Em seus próprio narizes, e diante de seus próprios olhos, os chanceleres dos governos das Américas puderam sentir e ver a grave situação interna de Honduras, porém preferiram lavar as mãos como Pilatos.
Quando ocorreu a destituição de Zelaya, ordenada pela Suprema Corte, com base em preceitos constitucionais que impedem que um presidente intente reeleger-se, aí se rasgaram suas vestes e começou uma das maiores gritarias conjuntas de esquerdistas e "moderados úteis" da história contemporânea, com uma verdadeira sanha contra um pequeno país que decidiu resistir a estas pressões.
Um pequeno país que se agigantou espitirualmente, inspirado na expressão de São Paulo, esperando "contra toda esperança" humana, porém aguardando tudo de parte da Providência, e fazendo recordar, aos que vêem apreensivos o drama hondurenho, a figura bíblica de Davi contra Golias.
No momento em que escrevo estas linhas, o destituído presidente Zelaya ameaça retornar a Honduras, pelo qual, segundo advertência do Cardeal do país, se tornará o responsável pelo sangue fratricida que poderá correr. Diante da resistência hondurenha, até o presidente-ditador Chávez aponta para o presidente Obama e espera que este quebre as resistências hondurenhas à chavinização do país.
Também no momento em que escrevo estas linhas, se difunde a notícia de que a secretária de Estado Hillary Clinton acaba de chamar o presidente interino de Honduras e correm versões de que haveria de lhe ter dado uma espécie de ultimato. A mesma secretária Clinton, na recente reunião da OEA, aprovou a absolvição da sanguinária ditadura castrista; a mesma que, junto com o presidente Obama, está disposta a dialogar com o governo pró-terrorista iraniano, abre seus braços aos comunistas cubanos , se reúne e ri com o presidente-ditador Chávez, deu uma porta na cara da delegação civil hondurenha que chegou a Washington para simplesmente explicar os fatos.
São dois pesos e duas medidas de uma injustiça, uma hipocrisia e uma arbitrariedade contra a qual clamam os céus. Como já foi recordado, o Cardeal de Honduras advertiu ao depuesto presidente Zelaya que ele será o responsável pelo banho de sangue que pode ocorrer se forçar o seu retorno ao país. De minha parte, enquanto ex-preso político cubano durante 22 anos nas masmorras castristas, na minha condição de embaixador estadounidense ante a Comissão de Direitos Humanos da ONU durante vários anos e na qualidade de simples cidadão das Américas, tenho a certeza de que assim como o presidente Eduardo Frei Montalvan passou à história como o Kerensky chileno, por pavimentar o caminho ao socialista Allende, o presidente Obama corre o risco de passar à história como o Kerensky das Américas, se contribui para empurrar Honduras para o abismo chavista.
Fonte: Jornal "El Heraldo" de Honduras
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