Li, alhures, na juventude, a versão gaiata
do "Grito da Independência": D. Pedro voltava de Santos, depois de um
rala e rola com a Marquesa de Santos. Da última refeição, com frutos do mar,
lhe restou uma baita indigestão, com várias paradas na subida da serra. Ali nas
margens do Ipiranga, o mal estar o acossou mais uma vez e o papel higiênico
havia acabado. Ele voltou do matinho, fulo da vida, desembainhou a espada e gritou:
"Est' intendência é de morte!".
Existem outras versões, como mostra a
ilustração. O certo é que a gororoba de Domitila ou mesmo as águas da baixada
que não eram bem tratadas, resultaram no desarranjo intestinal que mal
suportava o balanço dos burros na subida da serra. Burros sim! Mais resistentes
que os cavalos imaginados por Pedro Américo para pintar aquela cena heroica. Os
trajes também não eram principescos, nem uniformes militares garbosos. E a
comitiva tinha quando muito uma meia dúzia de acompanhantes.
Os pares da corte que o acompanhavam já
haviam recebido a mensagem de Portugal e em comum acordo, ao mando de José
Bonifácio, desembainharam suas espadas e gritaram: "Independência ou
Morte!". Alguém cochichou no ouvido de D. Pedro que Portugal ordenava que
ele deixasse o Brasil. Era deixar o que ele mais amava. Era afastar-se para
sempre da Marquesa. Diante disto, ele escolheu mesmo abraçar a independência,
"cortando os laços que nos uniam a Portugal".
Os laços eram simbolizados por umas
fitinhas, que todos ostentavam nos casacos, presas com aqueles "alfinetes
de segurança" utilizados para sustentar as fraldas dos recém
nascidos". O gesto seguinte foi então arrancar as fitinhas, atirá-las ao
chão e guardar cuidadosamente os alfinetes. Os dias seguintes foram dedicados
ao marketing da independência: "Se é para o bem de todos e felicidade
geral da nação, diga ao povo que fico" no Brasil e nos braços de Domitila.
Bom, o Brasil ficou semi independente.
Continuou ligado a Portugal porque Pedro era o herdeiro do trono europeu. O
fato é que de negociata em negociata a Portugal, a Inglaterra e outros
europeus, sacaram da colônia tudo quanto puderam em ouro, diamantes, aquele pau
que deu o nome ao Brasil e outros produtos apreciados na corte de além mar. D.
Pedro deixaria o Brasil para ser Rei de Portugal anos mais tarde.
A dependência posterior veio com os
tratados republicanos com as nações amigas. Mais tarde seria dependência da
grana dos investidores e emprestadores de dinheiro, sem o qual diversos
presidentes, partidos e políticos não poderiam enriquecer da noite para o dia.
Os governos, partidos e seus políticos aprenderam o caminho de pedir emprestado, deixando a arrumação da
casa para o futuro.
Hoje continuamos dependentes dos investimentos... E todo
ano pagamos quase a metade de tudo quanto produzimos, somente de juros. Não sei
por quanto tempo ou se para sempre. Deste modo, mesmo que queiram tapar o sol
com a peneira, o Brasil ind' é pendente.
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