É extraordinário constatar, que mesmo na
condição de ratos de laboratório, os humanos cultivam o fascínio imorredouro
pela beleza presente nas manifestações da vida.
Mesmo submetido às mais tirânicas condições
ainda encontramos o momento de rir de nós mesmos, conscientes ou não das
condições passageiras que muitos tomam como seu único momento de glória, sem
perceber que a vida dos átomos que nos integram é eterna e carregada de
memórias ancestrais.
A cada dia, quando alvorece, a ancestral
expectativa do que fazer para dar um passo adiante na construção e preservação
dos achados mentais, espirituais e materiais que alicerçam os caminhos, temos a
oportunidade única de reforçar os valores humanos e fortalecer os
comportamentos civilizados. Temos o "tempo" manusear os fios da
memória genética e pintar ou escrever, plantar e colher, rir e alimentar.
O extraordinário é que fazemos isto por
toda parte, mesmo carregando vestiduras que parecem fazer de nós pessoas que
desconhecem a existência de outras pessoas. Mesmo sendo obrigados a viver no
deserto ou em condições piores, persiste a esperança de chegar a ambientes mais
gentis, mais amorosos, menos barulhentos e explosivos, menos guerreiros e
destrutivos.
Lá no alvorecer da presumível existência
dos primatas Adão e Eva, que deviam pular de galho em galho buscando frutos e
larvas, folhas e flores para se alimentar deve ter sido aterrador pisar no chão
e encontrar outras formas de vida, perceber que havia água em abundância em
rios e lagos. Quanto custou o encontro com outros primatas e a formação dos
bandos para defender-se dos animais maiores?
Talvez tenha sido mais difícil que é para
os sucessores, depois de milênios, juntar-se em bandos para enfrentar as hordas
de humanos, caracterizados e auto-proclamados "salvadores" que vêm
utilizando a ingenuidade e disponibilidade amorosa para isolar-nos em gaiolas
de laboratórios sociais, como ratos.
É aterrador e fascinante saber que há uma
Força Maior, que nos permite preservar a vida que tentam destruir com tantas
drogas, com tanta interferência nas ondas eletromagnéticas, com tantas guerras,
com tantas falsas promessas. É fascinante ver o sol nascer prometendo novos
movimentos, novas experiências e possibilidades em defesa destas fronteiras que
são mantidas com as energias da eternidade, disponíveis para o amor ou para o
ódio.
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