domingo, 29 de junho de 2014

CONSCIÊNCIA POLÍTICA

De passagem por vilarejos interioranos do nordeste invisível para os que nasceram nas urbes, pude ver pessoas que mal sobrevivem numa choupana de pau a pique, ainda esperando a chuva ou a transposição do Rio de São Francisco. O dono do pedaço, com as mãos calejadas e a face queimada de sol, enrugada, me dizia:

- Aqui se vai levan'o a roça quando chove. Quando não tem chuva, a planta não vinga, água mode beber é ruim e dá dor de barriga...

Enquando ele relatava as dificuldades e dizia que o governo as vezes mandava um auxílio, mas o comum era que nem chegava para quem precisava, ficava na cidade mesmo, a mulher chegava carregando um pote de barro na cabeça, acompanhada de uma criança seminua com os pés descalços. Vinha da cacimba, onde a água estava acabando e tinha a aparência de um lamaçal pardo.

A duas cabras presas num cercado, forneciam o leite para as crianças. Percorri 38 km por uma estrada de areião, até chegar à cidade mais próxima, deixando para trás casas e sítios como os descritos. Na feira livre os sacos com farinha, milho, feijão e favas estavam enfileirados no chão de cimento. E as carnes, salgadas ou frescas, penduradas ao ar livre e cobertas de moscas.

Pode parecer ficção, mas é real no Brasil de hoje. A tragédia se multiplica pelo norte, centro, oeste, com menor dramaticidade no sul e sudeste, exceto nas periferias das grandes cidades. E as pessoas recebem a informação do Jornal Nacional, fascinadas com as cores e os rostos saudáveis de apresentadores bem vestidos, riem com as palhaçadas e imagens, comportamentos e linguagem de programas "populares". Dizem é o que dá audiência, é o que "o povo gosta".

Toda esta gente, por mais pobre, conhece e consome em escala relativa os refrigerantes da coca cola, carregados de agentes cancerígenos, por mais que a grandiosa empresa negue. Consome as frituras elaboradas com o óleo de soja de marcas patenteadas por outras mega empresas que cobrem o mundo. Salvam-se os mineiros que ainda usam a banha de porco elaborada nas pequenas propriedades. Ou os poucos que  podem alimentar-se com produtos orgânicos, não industrializados.

Já é difícil encontrar manteiga, que deveria ser pura gordura do leite, sem adição de transgênicos. Já é quase impossível encontrar leite puro, sem adição de elementos estranhos e até cloro. Corantes e siglas de aditivos químicos, cujas propriedades nenhum consumidor sabe identificar, como a tal gordura vegetal hidrogenada, ou o caramelo que da cor às farinhas de bolos e balas ou refrigerantes "com sabor artificial", estão presentes, com propaganda feroz.

O codex alimentarius da ONU criado pelos cérebros da Monsanto ainda não os atingiu, embora tenham muitos defensores na Anvisa, a empresa do governo que cuida da saúde alimentar. A Embrapa tem soluções para todas estas calamidades de um país cujas oligarquias governantes ainda não tiveram tempo, ou interesse, de formular uma reforma agrária capaz de promover os pequenos proprietários do campo, fixando-os e espalhando-os pela totalidade do território para fornecer, organizadamente, comida com sabor natural.

Em outros tempos, os governantes mobilizaram famílias para colonizar o Mato Grosso do Sul ou para fixar-se nas glebas ao longo da Rodovia Transamazônica. Alguns sobreviveram. A maioria, abandonada, desistiu para engrossar as periferias urbanas. É tudo muito repetitivo. Como repetitivo é o resultado das jornadas eleitorais. 

E os "representantes do povo", corrompidos pelo partido do poder central, aliado e defensor das mais sangrentas formas de ditadura do proletariado, foram encostados na parede, para que chegassemos ao estado de incredulidade na capacidade dos políticos. Mas estamos falando de políticos formados na escola da bandidagem esquerdista radical. Os poucos que restam, ainda tentam representar interesses dos eleitores.

Falta um norte, falta um programa claro, faltam atitudes de estadistas nos três poderes, falta o cumprimento da Lei Constitucional. Falta a visão para a gerência de uma nação que tem tudo para viver  bem. O vídeo abaixo é de uma senhora do Mato Grosso:



São tentativas que ficam por aqui. Mais de trinta milhões de eleitores não têm tempo, não têm informação e muitos já estão com os neurônios afetados pela fome, pelas doenças, pelo sol causticante ou pior pelas drogas. 

Todos dependentes inconscientes das políticas do coletivismo, que privilegia as culturas extensivas para exportação e as toneladas de agrotóxicos exigidas para a produção a partir de sementes patenteadas, modificadas e controladas pela Monsanto, Bayer, Shell, Du Pont e outras que jogam pesado e compram decisões, isto é corrompem os três poderes. 

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