A escravidão sempre foi uma das
grandes tragédias da humanidade. É inadmissível que pessoas humanas sejam
encaradas como simples objetos, passíveis de serem utilizados em transações
mercantis. E isto, infelizmente, aconteceu na antiguidade em toda a face da
Terra e ainda existe, apesar de todos os esforços para impedir tal ignomínia.
Ainda há a escravidão mascarada, em algumas regiões do mundo, inclusive no
Brasil, onde seres humanos são submetidos a tal prática, sem quaisquer
direitos, nas mais adversas circunstâncias, sem a devida contrapartida.
Contudo, há outras formas de escravidão
de natureza indireta, na maioria das vezes nem percebida pelos que são
escravizados, de fato. Se analisarmos bem a conjuntura, esta será a conclusão
lógica. Os “donos do mundo” (grupos que controlam o sistema financeiro mundial
e seus instrumentos como o Clube de Roma, o Diálogo Interamericano etc.)
comandam os destinos da população mundial. Como são os detentores do poder
econômico, cooptam os meios de comunicação mais influentes do mundo, pautando
grande parte da mídia e influenciando decisivamente grande parte da humanidade.
Não por acaso elegem seus representantes (de sociedades secretas ou até
ostensivas, como o Diálogo Interamericano, no caso das Américas) para os principais
cargos dos Poderes Executivo e Legislativo, além de influenciar expressivamente
o Judiciário.
É comum emplacar seus integrantes até
na presidência da República, como foi na Argentina (Raul Alfonsín), Brasil (FHC
e Lula, que entrou e saiu), Uruguai (Sanguinetti), Colômbia (Juan Santos),
Chile (Michele Bachelet) etc. Até o ex-presidente do Bacen, Sr. Henrique
Meirelles, bem como Marina Silva são integrante do Diálogo. Somente possuindo
estas informações é que somos capazes de compreender o comportamento
esquizofrênico das últimas administrações, em especial as petistas.
Na expressão econômica, a
administração é inteiramente submissa aos interesses da banca internacional e
nacional, com a adoção de medidas tão radicais como a taxação dos inativos e o
aluguel de imensas áreas da Amazônia, tentadas, mas não concretizadas por FHC,
mas realizadas pelos petistas. Nas expressões psicossocial e política adota
medidas preconizadas pelo Foro de São Paulo, de perpetuação no poder, admitindo
ainda a ação predatória de movimentos como o MST, MLST e outros, sem a devida
instalação de instrumentos preventivos e repressivos.
As classes mais abastadas acumulam
cada vez mais riquezas, em especial os bancos (como exemplo, o Banco do Brasil
apresentou, nos primeiros seis meses deste ano, um lucro superior a R$8,82
bilhões, não tendo vergonha de informar que arrecada com receitas de serviços
mais do que paga com despesas de pessoal, enquanto leva a CASSI à falência e
usurpa recursos da PREVI), usufruindo “alegremente” das vantagens obtidas,
enquanto as categorias menos favorecidas são obrigadas a entrar na
informalidade, expandindo a economia informal e recebendo o “ bolsa
esmola”. Os bancos particulares nunca ganharam tanto em sua “estória”.
A sempre sacrificada classe média, em
extinção, acaba transformando-se em produtora dos novos escravos. Nascem,
vivem e morrem dentro os rígidos limites impostos pelos detentores do poder,
com raras exceções. O sistema tributário é uma vergonha. Quem ganha muito não
paga, com o emprego do “planejamento tributário”, enquanto um cidadão que ganha
pouco menos de três salários mínimos (SM) mensais é obrigado a pagar. Em 2015 a carga tributária
aumenta para algo em torno de 36 % do PIB. Ao mesmo tempo, os serviços públicos
estão sendo deteriorados a cada dia (educação, saúde, segurança, saneamento
etc.) e vão sendo progressivamente transferidos para a iniciativa privada.
Até a previdência pública vai sendo
quebrada para dar espaço à previdência privada. Internamente, é apresenta a
inacreditável proposta (a não ser para os usuários) da descriminalização das
drogas, felizmente objeto de forte reação por parte das forças vivas da
Nação. O ensino público vai sendo
brutalmente esvaziado, em especial com o sistema de cotas e outros instrumentos
para o segmento privado, dando lugar a fábricas produtoras de diplomas,
“formando” profissionais de baixa qualificação.
A maioria dos empregos gerados
apresenta remuneração inferior a 2 SM e o desemprego, o subemprego quantitativo
e qualitativo alcançam mais de 1/3 da PEA. Os cidadãos acordam todos os dias,
trabalham exaustivamente, formal ou informalmente, sendo extorquidos de todos
os modos, direta ou indiretamente, pelo poder público ou então pelos marginais.
Como não conseguem chegar até o fim do mês com seus parcos rendimentos,
endividam-se cada vez mais, acumulando dívidas impossíveis de serem pagas.
Os escravos antigos trabalhavam
duramente, mas tinham pelo menos casa e comida garantida. Os novos escravos
modernos também trabalham duramente e nem isto conseguem obter.
A administração petista não consegue
sequer concluir com êxito um programa de implantação de contribuições
compulsórias para as famílias possuidoras de empregados domésticos,
submetendo-as a uma verdadeira tortura continuada. Exigem de pessoas físicas as
responsabilidades de empresas. Reina o caos econômico, social e político.
Prepara-se um “acordão” para que “mal feitos” permaneçam impunes. E ainda
querem impor a volta da CPMF (tributo em cascata), que representa um verdadeiro
“cheque em branco” para os perdulários. Isto não é admissível em qualquer
país do mundo, ainda mais no Brasil do Século XXI.
Economista Marcos Coimbra - Professor, Membro do Conselho Diretor
do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil
Soberano. Sítio: www.brasilsoberano.com.br
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