quinta-feira, 3 de setembro de 2009

OS AMIGOS HONDURENHOS DAS FARC

OS AMIGOS HONDURENHOS DAS FARC

Mary Anastasia O'Grady, no "Wall Street Journal"

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper e o presidente mexicano Felipe Calderón reuniram-se em Guadalajara,
México, na Cúpula de Líderes da América do Norte. Entre os temas, a crescente violência relacionada ao narcotráfico no continente, mas também se espera que
conversem sobre a situação política de Honduras.

É uma lástima a ausência do Ministro da Defesa da Colômbia, que poderia mostrar a evidência da conexão entre os simpatizantes do deposto presidente hondurenho,
Manuel Zelaya, e o mais importante provedor sul-americano de drogas ilegais para a América do Norte: as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Sei disso por que recentemente essa evidência chegou ao meu escritório,numa lista de "contatos políticos" estabelecidos na região e na Espanha, com a finalidade de fornecerem "apoio" e ajudarem a "coordenar o trabalho" das Farc.

O Partido de Unificação Democrática (UD) de Honduras é uma das organizações da referida lista. O UD tem pequena representação no Congresso, mas é o único partido que apóia o retorno de Zelaya. Onde quer que haja manifestações violentas ou bloqueio de estradas em apoio a Zelaya, lá está o UD.

O documento das Farc diz que existem 45 dessas organizações. Talvez interesse a Calderón saber que entre elas figura o Partido dos Trabalhadores e a Juventude Comunista do México.

À parte o relacionamento UD-Farc, é preciso não perder de vista que Zelaya violou a lei hondurenha ao tentar modificar a Constituição para que pudesse se candidatar a uma reeleição. Zelaya também incitou a multidão que invadiu um depósito da Força Aérea onde estavam guardadas urnas que seriam usadas em seu referendo ilegal. Em 28 de junho, foi detido por ordem da Corte Suprema, deportado pelo exército e removido de seu cargo pelo congresso. Inclusive seu próprio partido, o Partido Liberal, apoiou sua destituição e expulsão do país. A maioria da população apoiou tais medidas.
Obama e Calderón, no entanto, não apoiaram, e ambos querem seu regresso.Há duas semanas o governo de Obama anulou os vistos de alguns funcionários do governo hondurenho. É preciso reconhecer que o governo de Harper, Canadá, tem sido mais
comedido em sua resposta aos acontecimentos de Tegucigalpa.

Calderón no México se empenhou numa "guerra" contra os cartéis do narcotráfico que
teve custo humano de 1.077 policiais desde dezembro de 2006. Agora, tanto ele como Obama vão ter que explicar seu apoio a uma facção política de Honduras que está aliada com o crime organizado. É exatamente isso que esta facção está fazendo, segundo a evidência obtida pela inteligência colombiana.

Os hondurenhos não querem Zelaya em seu país porque lidera uma turba violenta e antidemocrática, com a qual tentou solapar as instituições nacionais do mesmo modo que Hugo Chávez o fez na Venezuela. Chávez também preparou para fazerem o mesmo Daniel Ortega na Nicarágua, Rafael Correa no Equador e Evo Morales na Bolívia. As democracias nesses países ficaram seriamente comprometidas.

Mas ainda que Obama e Calderón não se incomodem com a liberdade em Honduras, não podem desconhecer a possibilidade de um governo chavista em Honduras elevar o custo, em sangue e dinheiro, de suas guerras contra as drogas.A conexão com as Farc poderia ajudar muito a explicar por que Chávez se esforça tanto para que Zelaya seja reconduzido ao poder.

Já é notório que o homem forte da Venezuela apóia ativamente as Farc na América do Sul. Os guerrilheiros contam com refúgio seguro ao cruzarem a fronteira. Divulgou-se que numa incursão militar do exército colombiano num acampamento das Farc foram encontrados lança-foguetes antitanques de fabricação sueca que tinham sido originalmente vendidos para a Venezuela. Chávez ainda não conseguiu apresentar uma
explicação crível sobre como essas armas chegaram às mãos dos terroristas colombianos.

Um relatório de julho do Departamento de Auditoria Geral dos Estados Unidos (GAO), revelou que a Venezuela se converteu na principal rota de trânsito da cocaína colombiana, 60% dela é exportada pelas Farc. O GAO também descobriu que altos membros do governo de Chávez e do exército venezuelano são seus cúmplices. Segundo os funcionários norte-americanos, “a corrupção dentro da Guarda Nacional da Venezuela representa a ameaça mais significativa porque a Guarda se reporta
diretamente ao presidente Chávez e controla os aeroportos,fronteiras e portos da Venezuela", diz o documento do GAO.

Os líderes na Cúpula vão falar sobre sua guerra contra as drogas. Talvez Calderón e Obama expliquem por que apóiam um político hondurenho deposto, cujos simpatizantes estão mancomunados com os narcotraficantes terroristas. Todos os norte-americanos merecem uma explicação.

Do Site da Sacralidade, tradução de André F. Falleiro Garcia.
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